Este Grupo de Trabalho objetiva discutir o conceito de “documentação”, propondo que o mesmo possa ser substituído pelo de “escrita”. Para isso, pretende discutir a relação entre diferentes formas de documentação da prática docente – diários de campo, questionários, entrevistas, depoimentos, gravações em áudio e/ou vídeo etc. – e a produção de uma escrita que se propõe a analisar os dados produzidos através desses procedimentos. Parte-se do pressuposto de que a escrita não coincide com o próprio processo de documentação, mas consiste num trabalho cujo resultado já traz embutido uma posição tomada pelo documentador, sobre a qual ele pode ou não responsabilizar-se, mas pela qual ele sempre é responsável. Entende-se, por extensão, que a documentação de práticas docentes em si não produz uma memória, mas esta é antes produto de um trabalho de escrita marcado pela historicidade do sujeito, particularmente em relação à forma como este se constituiu ao longo de seu processo de formação e a como se posiciona em relação aos discursos que o interpelam contemporaneamente. Sob essa ótica, o problema da objetividade da documentação em campo dá lugar à reflexão sobre as formas como um pesquisador, ao escrever sobre seus dados, pode encontrar em sua própria escrita vestígios das posições assumidas ao produzi-los e, assim, passar a questionar e modular a maneira como se filia, através de seu texto, aos processos de produção da memória de sua área.